GUERRA CIVIL AMERICANA
Peter Louis Eisenberg
Editora Brasiliense
Coleção Tudo é História, volume 40
INTRODUÇÃO
A Guerra Civil Norte-Americana (1861-65) merece a atenção do estudante brasileiro por diversos motivos. Primeiro, foi uma guerra que marcou profundamente a evolução histórica dos Estados Unidos da América (EUA). Até esta guerra, todos os conflitos políticos mais importantes entre as grandes regiões norte-americanas, do Norte e do Sul, tinham sido resolvidos, adiados ou escamoteados dentre as linhas da Constituição de 1787, e através de processos pacíficos de barganha, conchavo, negociação e voto. A guerra representou uma confissão de que o sistema político falhou, esgotou os seus recursos sem encontrar uma solução. Foi uma prova de que, mesmo numa das democracias mais antigas, houve uma época em que somente a guerra podia superar os antagonismos políticos. O total dos mortos ajuda a apreciar a magnitude deste evento traumático para os EUA. Calcula-se que um total de 618.000 americanos combatentes morreram nos dois lados, um total que excede o de todos os mortos americanos na Primeira Guerra Mundial (1914-18, com 125 000 mortos americanos); na Segunda Guerra Mundial (1939-45, com 322 000 mortos americanos); na Guerra da Coréia (1950-53, como 55 000 mortos americanos), e na Guerra do Vietnã (1961-75, com 57 000 mortos americanos). Em segundo lugar, esta guerra lembra vários aspectos da história do Brasil, quando questões semelhantes surgiram. Para começar, a guerra foi uma reação a um movimento separatista. O Sul declarou a sua independência do Norte, e estabeleceu uma nova nação. Os Estados Confederados da América (ECA). O Norte teve que invadir o Sul e lutar por quatro anos até destruir este separatismo. Da mesma forma, o Governo Imperial Brasileiro teve que reprimir com armas a Confederação do Equador no Nordeste, em 1824; e a República de Piratini e a República Catarinense, criadas pela Revolução dos Farroupilhas no Rio Grande do Sul,