Grupos de Interesse

Tomando em consideração tanto a overlapping como a cross-cutting membership, a análise dos grupos posterior à elaboração de Bentley pretendeu, por um lado, identificar e classificar melhor os grupos e, por outro, aprofundar as suas modalidades de acção - dois aspectos indispensáveis para uma compreensão mais perfeita do papel dos grupos no sistema político.­­
Quanto ao primeiro aspecto, a identificação e a classificação mais influentes foram formuladas por Gabriel Almond e Bingham Powell (11970. pp. 119-147) -vd. Tabela 4.1. Tendo assumido a perspectiva da articulação dos interesses - ou seja, das modalidades, através das quais os membros de uma comunidade comunicam aos detentores do poder os seus pedidos, as suas preferências e as suas exigências -, Almond e Powell afirmam a existência de quatro formas ou modalidades gerais: a) articulação anómica; b) al1iculação não associativa: c) articulação associativa; e d) articulação institucional. Mais precisa e concretamente:­­­
a) Os grupos de interesse anómico, ou não organizado, tecnicamente , «excluídos da regra/sem regra». podem emergir quando os seus interesses são relativamente novos e não dispõem de canais de manifestação habituais, ou então quando os detentores do poder ignoraram repetidamente as suas exigências e as suas preferências. Nesses casos, os portadores de tais interesses sentem-se levados a dramatizar a sua situação de forma desorganizada, recorrendo a manifestações, tumultos, revoltas, saques e assassinatos. Frequentemente considerados limitados a uma fase pré-moderna, estes grupos e estas formas de articulação anómica não desapareceram totalmente da política conremporânea, constituindo aliás um elemento impossível de eliminar que se apresenta sob a forma de participação não convencional, esporádica e heterodoxa – e, naturalmente,­­ também ilegal - lado a lado com as formas de participação mais consolidadas e tradicionais.
b) Algumas pertenças primárias ou tradicionais, ligadas à comunhão