Burocratas Partidos e Grupos de Interesse o debate sobre a pol tica e a burocracia no Brasil
O capítulo em questão abrange de forma genérica as relações de poderio e a classe burocrata no Brasil. Segundo Woodrow Wilson e interpretações taxadas de “adiantadas” veem a administração pública (burocracia) e a política como organizações diferentes que não trabalham em conjunto. “As questões administrativas não são questões políticas” Wilson (1887). Contudo, os autores do texto propõem o inverso: cada vez mais ocorre a burocratização da política e a politização da burocracia, ou seja, tais instituições se permeiam. Tal fato é exemplificado na figura do político necessitar do burocrata para auxílio técnico enquanto este necessita de concessão de poder de um ator político.
A análise sobre a literatura burocrática no Brasil é classificada em duas vertentes: a primeira aborda a burocracia pelo ângulo de classe do Estado somado às transformações históricas da sociedade brasileira a partir de 1930. A segunda infere sobre a burocracia mediante aos vínculos com instituições políticas e os fenômenos de insulamento burocrático e clientelismo/patronagem. A primeira vertente “Estado capitalista e classes sociais” possui certa inspiração marxista e o pressuposto de que a classe burguesa brasileira era incapaz de se organizar e elaborar um “projeto desenvolvimentista” para o Brasil, portanto o Estado assume tal responsabilidade, que na década de 1930 era representada pela industrialização. A autonomia estatal é compatível com a implementação do aparato administrativo. O Estado, portanto, internaliza as diferentes demandas políticas e centraliza seu poder – somado ao poderio burocrático – devido à fragilidade das classes. O governo utiliza como seu principal instrumento as agências, como formas de substituir os partidos e organizar os interesses desorientados da sociedade. A burocracia torna-se ao mesmo tempo submissa aos interesses do