Gregório de Matos e a poesia barroca
-Um paralelo entre a poesia barroca e a sociedade brasileira dos dias atuais –
Natalia Melo
A poesia de Gregório de Matos estava voltada, esteticamente, para o Barroco europeu. No entanto, sua sátira, denunciadora dos abusos ocorridos no Brasil colonial, vinha estrear um tipo de literatura nacionalista que se afastava da linguagem formal europeia da época. Gregório demonstrou, em sua obra crítica, lamentação aos rumos tomados em sua terra, com o processo de ascensão da burguesia, durante as trocas comerciais que Portugal realizava com os produtos extraídos da colônia. Tais acontecimentos se assemelham com a maneira que a sociedade brasileira atual, principalmente a classe dominante, lida com a produção e comercialização de riquezas naturais aqui existentes. A literatura que nascia no Brasil em tempos de colonização estava ligada ao Barroco europeu, visto que o Estado ainda não possuía características culturais bem delineadas, no que diz respeito a uma identidade nacional autônoma. No entanto, as condições vividas pelos colonizados eram muito diferentes da vida extravagante e pomposa que os lusitanos apreciavam em Portugal. Os colonos buscavam, na colônia, a riqueza que seria ostentada e demonstrada através da arte Barroca enquanto, para os colonizados, restava uma vida voltada para a comercialização, exploração e escravidão. Neste cenário, Gregório de Matos, nome de destaque do Barroco brasileiro, inicia sua obra literária, que estava ligada esteticamente ao Barroco lusitano e que, apesar disso, se distanciava em alguns aspectos por estar, o autor, inserido à realidade da Bahia mercantil do século XVII. Sendo assim, sua lírica, que cantava temas relacionados à religião, ao amor e também a pensamentos filosóficos, correspondia ao Barroco Português, quanto à linguagem e estética. Já a satírica, cantava os problemas sociais e econômicos por ele vivenciados no Brasil colônia, mais precisamente na Bahia. Tal sátira utilizava linguagem