Gregos e mitos
O mito era um tema de reflexões graves, a questão de saber se têm um conteúdo autêntico era de grande relevância. Era preciso decidir se os mitos não passavam de contos vãos, ou se são história alterada. Para um grego um mito era uma verdade alterada pela ingenuidade popular que terá como núcleo autêntico, pequenos pormenores que são verdadeiros, visto que não têm nada de maravilhoso, tais como o nome dos heróis e a sua genealogia. De facto, a mitologia grega, cuja ligação com a religião era mais do que lassa, no fundo não foi mais que um género literário muito popular, sobretudo oral. Estas “lendas” eram tidas como verdadeiras, no sentido em que não se duvidava delas, mas também não se acreditava nelas como se acredita nas realidades que nos rodeiam. Os mitos gregos, recheados de maravilhoso, situavam-se num passado intemporal, de que apenas se sabia que era anterior, exterior e heterógeneo ao tempo actual. “Passavam-se” antes, durante as gerações heróicas, em que os gregos ainda se misturavam com os humanos. O tempo e o espaço da mitologia eram secretamente heterogéneos aos nossos. Um grego situava os deuses no céu, no entanto ficaria estupefacto se os visse no céu. Compreenderia então que aos seus próprios olhos, o tempo mítico não tinha mais do que uma vaga analogia com a temporalidade quotidiana. As gerações heróicas situavam-se do outr lado desse horizonte de tempo, num outro mundo. O mito tinha um conteúdo que se situava numa temporalidade nobre e platónica, dotado de uma espécie de letargia, de hesitação entre a verdade e a ficção. O mito era um tertium quid, nem verdadeiro nem falso. O universo intelectual era exclsusivamente literário, os mitos verdadeiros e as invenções dos poetas sucediam-se aos ouvidos dos auditores que escutavam sem qualquer interesse em separar a verdade da mentira e não se chocavam com ficções que não iam contra a autoridade de nehuma ciência. Escutavam assim