Gravidez

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Para contextualizar o que chamamos de “Família Contemporânea”, iniciarei citando alguns marcos que instauraram esse fenômeno. O primeiro deles diz respeito a como os filhos passaram a ser gerados na História da humanidade não mais por acidentes, e sim por decisão. Isso se deu a partir de um momento historicamente recente. Tal fato mudou a face das relações humanas no planeta. A introdução dos chamados métodos contraceptivos, que têm origem muito recente, passou a produzir uma “responsabilização” do casal pela concepção da prole. Isto é, o que antes era da ordem aleatória, da incerteza, do imponderável e do incontrolável, passou a ser uma decisão assumida pelo casal. Isso produziu uma transformação no sujeito da autonomia.
O segundo marco está ligado, como conseqüência do primeiro, à nova relação que a humanidade estabeleceu com a sexualidade. A sexualidade, que a princípio estava a serviço da procriação, atinge o patamar do exercício do prazer – independentemente do exercício da procriação. Isto introduziu, na cultura contemporânea, a idéia “fantasmática” de que o prazer deveria ser preservado a maior parte do tempo como um imperativo imediato, estabelecendo, na relação humana, a noção de que deve ser buscado o gozo dentro e fora da sexualidade o tempo todo. Tal idéia, que atravessou boa parte do século XX e invadiu o século XXI, contaminou a relação dos educadores com os educandos. A prevalência do prazer em detrimento de outras esferas da chamada “responsabilidade” produziu o que costumo chamar de “educação analgésica” – a idéia ilusória de que seja possível produzir uma educação sem dor ou frustração. Sem qualquer crítica à liberdade conquistada pelo alargamento das formas de prazer, a introdução dos métodos contraceptivos e a decorrente abertura sexual geraram uma série de efeitos colaterais em relação à educação de nossos filhos.
Um terceiro dado, que se deu como desdobramento dos anteriores, é a maneira como os filhos passaram a ser enxergados pelos pais

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