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Resumo: As relações entre Arendt e Montesquieu são fundamentais para compreender adequadamente a noção de poder na pensadora alemã. Considerado por Arendt o último autor da tradição a refletir sobre formas de governo, Montesquieu foi também capaz de realizar uma revisão na tradição do pensamento político ocidental ao introduzir o conceito de “princípio de governo” em sua análise do espírito das leis que regem as formas de governo. Arendt viu o autor francês vinculado à tradição política romana, o que a possibilitaria de pensar a partir dele suas considerações sobre lei, poder, esfera pública, liberdade e não-soberania.
Hannah Arendt buscou em Montesquieu uma fonte para compreender as concepções de lei e de poder fora de um contexto de dominação característico da tradição do pensamento político ocidental. Esta referência é possível graças à “plena sintonia” que, segundo Arendt o autor francês apresenta com a tradição política romana. Ao contrário de leituras contemporâneas que apresentam a filosofia política de Montesquieu como um reflexo do espírito científico newtoniano da época, Arendt procura no pensador francês os elementos que remontam aos romanos, “o povo mais político da história”.
Segundo Hannah Arendt, Montesquieu foi capaz de operar uma revisão na tradição do pensamento político ocidental ao apresentar uma distinção entre a natureza e o princípio de uma determinada forma de governo.
Com esta divisão, o pensador pôde mudar a leitura daqueles que seriam os dois pilares conceituais fundamentais da filosofia política tradicional, nomeadamente, a divisão entre governar e ser governado e a concepção de lei como marco regulatório desta relação de dominação. Podemos apontar então três aspectos da obra de Montesquieu que foram incorporados ao trabalho de Arendt e conduziram