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Para o filósofo dinamarquês existem três opções de vida, a estética, a ética e religiosa. Na primeira, para usar uma terminologia freudiana, o homem vive entregue à sua libido, na segunda é dominado pelo superego, na terceira prevalece a sublimação da fé.
A dimensão estética é caracterizada por uma vida mergulhada na plenitude do momento, voltada para capturar o gozo da existência, embalada na “valsa do instante”, uma situação “na qual você não aspira a nada, não deseja nada
Este tipo de existência, marcada pela exterioridade, a mudança e o imediatismo, leva à experiência do desespero. Para fugir da prisão de seus desejos, o homem precisa dar um salto, que o leva ao estágio ético. Se o modelo da existência estética é Don Juan, o modelo da existência ética é o marido fiel. O padrão da mudança e da falta de engajamento é substituído por aquele da repetição, da fidelidade, do compromisso.
O mundo do homem ético é dominado por uma ordem universal, que o faz sentir perdido numa multidão anônima, sem autonomia. Ao perceber-se condenado à solidão consigo mesmo, o homem começa a perceber também sua inevitável contradição, sua condição inelutável de pecador e a necessidade do arrependimento. As leis universais já não podem mais ajudá-lo; surgem assim o desespero e a angústia, pois o indivíduo se vê confrontado com um vazio que não pode ser preenchido nem pelos prazeres estéticos, nem pelas obrigações éticas.[35] Surge aqui a necessidade do homem “suspender o ético” para entregar-se totalmente à dimensão religiosa, vivendo assim o paradoxo de uma subjetividade que é essencialmente dependente da infinitude de um Deus, percebido como absolutamente real e absolutamente incompreensível.
Para Kierkegaard, portanto, a angústia tem origem na percepção do limite, que marca inexoravelmente a vida