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A PROFESSORA GRACIETE BATALHA
António Aresta*
Graciete Batalha insere-se na linhagem dos grandes professores que serviram no Liceu de Macau1, (gente de cultura, de educação, com intervenções cívicas, obra publicada e uma enorme profissionalidade), uma tradição que remonta a Manuel da Silva Mendes, ele próprio professor no Liceu, pensador e intelectual com múltiplos interesses e grande co-leccionador de arte chinesa. Foram professores como esses que ajudaram a forjar uma poderosa identidade portuguesa em Macau, no contexto de um cadinho étnico multicultural, identidade essa cimentada numa velha amizade luso-chinesa, com cumplicidades, respeito, entendimento e tolerância que a sabedoria dos anos manteve e manterá como energia vital.
Graciete Batalha aporta a Macau2 em Agosto de 1949. «Lembro-me de termos chegado meio mortos, meu marido e eu, ao aeroporto de Hong
Kong, depois duma viagem de vários dias em aviões a hélice, com muitas avarias nos motores e paragens forçadas, além das previstas, e duma descida temerosa por entre as montanhas da cidade (...) Embarcamos finalmente no velho vapor Tai Loy e, encostados à amurada, contemplamos o casario e as montanhas, que pareciam afastar-se de nós. (...)
O vaporzinho contornava lentamente a cidade, tão atraente vista do rio
* Professor e Investigador.
1
Nomeadamente José Gomes da Silva, António Nascimento Leitão, Carlos Borges Delgado, José da Costa Nunes, Fernando Lara Reis, Túlio Lopes Tomás, Beatriz
Basto da Silva, Ana Maria Amaro, Celina Veiga de Oliveira , Fernando Lima, Emilia
Costa, Fernando Costa Andrade ou Luís Gonçalves. Numa perspectiva integrada das histórias de vida dos Professores, consulte-se, por exemplo, A. Nóvoa (org.), «Vidas de Professores», Porto Editora, 1992 ou Ivor Goodson and Andy Hargreaves (edts.),
«Teacher's Professional Lives», Falmer Press, London, 1996.
2
O Governador era Albano Rodrigues de Oliveira, o Bispo D.