Governança corporativa
Ao longo do processo histórico de formação do capitalismo, quatro aspectos relacionados a administração tornaram-se dia a dia mais nítidos: a) o gigantismo e o poder das corporações; b) o processo de dispersão do controle das grandes corporações; c) o divórcio entre propriedade e a gestão; e d) a ascensão da tecnoestrutura organizacional como novo fator de poder dentro das corporações.
O sistema acionário possibilitou, de um lado, o expansionismo e o agigantamento do mundo corporativo, bem como a concentração do poder econômico das 500 maiores empresas das economias nacionais. Mas, de outro lado, manifestou-se dentro dele um importante movimento, oposto ao da concentração: a dispersão do número de acionistas e a despersonalização da propriedade. Os acionistas tornaram-se, em grande e crescente número de empresas, proprietários passivos.
O divórcio entre a propriedade e a gestão acarretou mudanças profundas nas companhias: a) a propriedade desligou-se da administração; b) os “capitães de industria”, fundadores – proprietários, foram substituídos por executivos contratados; c) os objetivos corporativos deixaram de se limitar à maximização dos lucros; e d) várias inadequações e conflitos de interesse passaram a ser observados no interior das corporações. Mas foram exatamente os conflitos de interesses não perfeitamente simétricos que levaram à reaproximação da propriedade e da gestão, pelo caminho da difusão e da adoção de boas práticas de governança corporativa.
A governança corporativa desenvolveu-se como reação aos oportunismos proporcionados pelo afastamento dos proprietários passivos.
Entre acionistas e gestores passaram a ocorrer e a se aprofundar com o correr do tempo conflitos decorrentes da pulverização do capital e do divórcio propriedade-gestão. A teoria já consagrada de governança corporativa denomina-os de conflitos de agência.
A governança corporativa surgiu pra cuidar