Gonçalves dias
Recomende esta página para um amigo Versão para impressão
Em meados de 1847, ainda em meio a precariedades financeiras, Gonçalves Dias publicou os Primeiros Cantos, livro de poesias que tem como abertura o poema "Canção do Exílio". O livro lhe trouxe a fama e a admiração de Alexandre Herculano e do Imperador D. Pedro II.
Alguns dos poemas dos Primeiros Cantos, porventura os melhores, repunham em a nossa poesia o índio nela primeiro introduzido por Basílio da Gama e Durão. Era essa a sua grande e formosa novidade. Nos poemas daqueles poetas não entrava o índio senão como elemento da ação ou de episódios, sem lhes interessar mais do que o pediam o assunto ou as condições do gênero. Nos cantos de Gonçalves Dias, ao contrário, é ele de fato a personagem principal, o herói, a ele vão claramente as simpatias do poeta, por ele é a sua predileção manifesta.
A partir dos Primeiros Cantos, o que antes era tema – saudade melancolia, natureza, índio – se tornou experiência, nova e fascinante, graças à superioridade da inspiração e dos recursos formais.
O Prólogo da obra bem nos mostra criticamente o domínio consciente das próprias composições:
Não têm unidade de pensamento entre si, porque foram compostas em épocas diversas - debaixo de céu diverso - e sob a influência de impressões momentâneas. Foram compostas nas margens viçosas do Mondego e nos píncaros enegrecidos do Gerez - no Doiro e no Tejo - sobre as vagas do Atlântico, e nas florestas virgens da América. Escrevi-as para mim, e não para os outros; contentar-me-ei, se agradarem; e se não... é sempre certo que tive prazer de as ter composto.
Na época, a concepção artística do Romantismo ainda não tinha evoluído no verdadeiro sentido da técnica. Entretanto, em Gonçalves Dias, nota-se uma consciência maior. Como vimos, os Primeiros Cantos vêm prefaciado pelo autor que se autodetermina a menosprezar "regras de mera convenção", a adotar "todos os ritmos da