godfather
A saga da Familia Corleone não é nada menos do que épica. Mario Puzo conseguiu a façanha de construir um universo complexo e muitíssimo verossímil. E envolvente como poucos. Há uma vasta gama de personagens, mas não pense que por sequer um momento o autor se perde: cada um deles é deveras esmiuçado, cheio de vida, tornando impossível não sentir algo em relação a eles, seja apreço, seja desprezo, seja compaixão. Uma teia habilmente construída os envolve de modo a dar a cada um sua devida importância, seu papel a desempenhar.
Don Vito Corleone é, sem dúvida, um dos personagens mais marcantes da literatura moderna, e com toda a razão. O fato de estar por trás de tanta sujeira, como assassinatos e outras atividades duvidosas, não o faz menos atraente. Pelo contrário: o leitor, pelo menos no meu caso, sente uma enorme afinidade com ele. É um personagem intricado, que possibilita a reflexão sobre os conceitos incertos do bem e do mal, do justo e do injusto.
Poderia elencar diversos outros personagens que fazem deste livro uma joia rara, trabalho este certamente longo e dispendioso. Mas é interessante observar a evolução pela qual Michael, o filho mais novo do Don, passa durante a história. Sem dúvida, para mim, o segundo destaque do livro. Também não posso deixar de citar Johnny Fontane, um dos afilhados do chefe da Família Corleone, um personagem divertido e irreverente. Cito os que mais me chamaram a atenção, mas todos são bastante críveis e bem trabalhados.
O romance é bem escrito. Muito. Uma aula de narração, utilizando uma técnica que prende até nos momentos mais calmos. As subtramas, como a de Fontane, por exemplo, acabam por somar-se com maestria à principal: a guerra da Família Corleone contra as demais Famílias mafiosas. Há vários momentos de tensão, o que me impossibilitou de largar o livro até que todas as 655