Gnosticismo
Desde o advento do cristianismo, e sua vitória sobre o paganismo do império romano, muito se questionou a respeito de um dos principais componentes da nova religião: a natureza de sua escatologia.
Nos primeiros séculos da era cristã não se encontrava uma definição sobre a forma de se conceber o fim dos tempos. A principal duvida se relacionava com a “parousia” ou a segunda vinda de Cristo, que, de acordo com o livro de São João, o reino de Deus se concretizaria durante mil anos na terra antes do juízo final. Muitos acreditavam que a iminência do fim da historia era inevitável, como exemplo paradigmático os montanistas, que previam um rápido advento da vinda de Cristo e do fim da história.
O movimento foi fundado por Montano ainda no século segundo, o qual acreditava possuir o conhecimento para inaugurar a era do Espírito Santo, anunciando o fim iminente do mundo e que logo após iria surgir um novo mundo cristão, representado pela Jerusalem Celestial.
Uma outra visão se referia a transcendência do reino de Deus, ou seja, a impossibilidade de se estabelecer o paraíso aqui na terra sendo, portanto, fora deste mundo. De acordo com essa visão, que mais tarde se tornará uma doutrina, era impossível de se prever quando seria o fim dos tempos e a instauração do milênio, profetizado por João.
Como bem explica Voegelin: “...a igreja em realidade evoluiu da escatologia do reino na historia em direção a escatologia da perfeição trans-histórica e sobrenatural”. A conciliação se dará só no século quarto através de uma bispo e um dos maiores expoentes filosóficos do pensamento cristão.