Gnerre
No texto “Linguagem, poder e discriminação”, de Maurizio Gnerre, a linguagem é abordada como algo que é usada não somente para veicular informações, mas para comunicar ao ouvinte a posição que o falante ocupa de fato ou acha que ocupa na sociedade em que vive.
O autor introduz o poder da palavra de acordo com Bourdieu (1977): “é o poder de mobilizar a autoridade acumulada pelo falante e concentrá-la num ato linguístico”, e destaca os três casos mais evidentes e extremos em relação a tal afirmação: discurso político, sermão na igreja e aula. Segundo Gnerre, as produções linguísticas deste tipo adquirem valor se realizadas no contexto social e cultural apropriado.
A seguir, o autor explana que todo ser humano tem que agir verbalmente de acordo com três regras: saber, primeiro, quando pode falar e quando não pode; segundo, que tipo de conteúdos referenciais lhe são consentidos; e terceiro, que tipo de variedade linguística é oportuno que seja usada. Gnerre destaca que tudo isto deve estar relacionado ao contexto linguístico e extralinguístico em que o ato verbal é produzido e que a presença de tais regras é relevante não só para o falante, mas também para o ouvinte. Este último pode ter alguma expectativa em relação à produção linguística do falante e sua capacidade de previsão é devida ao fato de que nem todos os integrantes de uma sociedade têm acesso a todas as variedades e muito menos a todos os conteúdos referenciais. O autor explica que somente uma parte dos integrantes das sociedades complexas tem acesso a uma variedade culta ou padrão associada tipicamente a conteúdos de prestígio, e que esta língua padrão é um sistema comunicativo ao alcance de uma parte reduzida dos integrantes de uma comunidade e associado a um patrimônio cultural de valores fixados na tradição escrita.
Uma variedade linguística tem seu valor como reflexo do poder e da autoridade nas relações econômicas e sociais, em termos internos – quando