Globalização
O planeta em que vivemos é caracterizado por sua biodiversidade, constitu- ída por uma imensa variedade de formas de vida, desenvolvidas há milhões de anos. A defesa dessa biodiversidade parece-nos indispensável à sobrevivência dos ecossistemas naturais, que são a base dos ecossistemas culturais, compostos por um complexo mosaico de culturas. Essas também necessitam da diversidade para preservar o patrimônio biológico e cultural das gerações futuras.
O eixo entre natureza e cultura, na sua preservação, é fundamental para nossa sobrevivência. É na grande diversidade que se encontra a riqueza de nossa humanidade. As raças bio-geneticamente não existem; pertencemos todos à mesma espécie, somos parentes e, ao mesmo tempo, somos todos diferentes (LANGANEY; SANCHEZ-MAZAS, 1992).
Em 1992, a UNESCO insistiu sobre a necessidade de realizar esforços para assumir os desafios do desenvolvimento e promover a diversidade das culturas. Essa proposição foi retomada pela Conferência Intergovernamental sobre as Políticas
Culturais para o Desenvolvimento, realizada em Estocolmo em 1998.
Por ocasião da preparação da reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Seattle, a noção de diversidade cultural foi novamente evocada, em relação aos bens e serviços culturais. Nessa reunião foi defendida a tese de que somente políticas culturais apropriadas podem garantir a preservação da diversidade criativa, contra o risco de uma “cultura única”. Somente as políticas de preservação da biodiversidade podem garantir a proteção dos ecossistemas naturais e, em conseqüência, a diversidade das espécies.
A diversidade cultural surge então como a expressão positiva de um objetivo geral que busca alcançar a valorização e a proteção das culturas do mundo, diante do perigo da uniformização. Nessa perspectiva, a exceção cultural representa de fato um dos meios, entre outros, que podem conduzir-nos à proteção e à preservação da diversidade