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Veja – Do ponto de vista estritamente científico, não há diferença entre a dependência de drogas legais e ilegais?
Levounis – Não. A questão é que, quando fazemos essa divisão, estamos nos referindo ao componente social do vício, e é aí que a maioria das diferenças se manifesta. Um exemplo: o álcool pode provocar uma devastação física e psicológica nos indivíduos muito maior do que a que vemos com a cocaína. Mas isso não quer dizer que uma seja pior que a outra, e sim que as complicações e manifestações sociais da dependência são muito diferentes – justamente porque a cocaína é ilegal e o álcool não é.
Veja – É possível consumir esporadicamente tabaco, álcool ou drogas sem se tornar dependente?
Levounis – Algumas pessoas podem consumir álcool ou tabaco e não se tornar viciadas. Mas é errado dizer que o álcool e a nicotina não viciam. Algumas pessoas podem se tornar dependentes de determinada substância, outras não. Cada uma reage de uma maneira. E é impossível prever isso. Todas as drogas podem causar dependência, e algumas têm altíssimo poder viciante. É o caso dos estimulantes em geral, como cocaína e anfetaminas.
Veja – A discriminação não está relacionada aos problemas que o dependente causa, inclusive com atos de violência?
Levounis – É claro que eles causam problemas dentro de casa e também para a sociedade. Quem faz uso abusivo de álcool e cocaína rouba dinheiro da família e leva muitos problemas para dentro de casa. É difícil atender um dependente que não tenha o vínculo cortado com os parentes mais próximos. É uma situação triste, porque pouquíssimos podem contar com a ajuda da família durante a recuperação. Mas o vício de drogas não é, definitivamente,