Ginasio
Uma das concepções teóricas mais proeminentes de Foucault está relaciona- da com o corpo enquanto lugar de práticas disciplinares e normalizadoras. De fac- to, são inúmeros os autores que se inspiram nos conceitos de poder, disciplina, vigi- lância e docilidade preconizados por Foucault, para discutir os significados de al- gumas práticas corporais, nomeadamente as ginásticas de academia (Duncan, 1994; Eskes, Duncan e Miller, 1998; Markula, 2003).
É no âmbito dos discursos culturais feministas que mais se evidencia uma recor- rência ao discurso de Foucault, entre os quais se tem tentado demonstrar que a activi- dade física das mulheres pode agir como tecnologia de dominação que as ancora para uma rede de discursos e práticas normalizadoras (Markula, 2003). Exemplo disso é o estudo de Eskes e outros (1998), para quem a discussão de Foucault do panóptico e dos corpos dóceis pode ser utilizada na discussão da resistência aos mecanismos designa- dos para subordinar as mulheres aos homens através das práticas de beleza e de fitness (para aprofundar, ver Shilling, 1997). Não obstante este tipo de formulação teórica, en- tendemos que uma perspectiva foucauldiana poderá auxiliar outras formas de com- preensão dos sentidos de determinadas actividades físicas situadas em espaços con- cretos, praticadas por mulheres e também por homens e, até, com sentidos similares.
Apesar do contributo dos trabalhos de Foucault para a compreensão das prá- ticas corporais na contemporaneidade, são de considerar algumas críticas ao seu trabalho. Com efeito, existem autores que se opõem a alguns conceitos teorizados pelo autor — designadamente,