PECADO CAPITAL DO CAPITALISMO: A EXPLORAÇÃO EMIR SADER[1] Explorar, no seu sentido mais geral, significa fazer uso de algo para um fim determinado, como quando se explora um recurso natural para benefício próprio. Por exemplo, quando se queima madeira para fazer fogo, se está explorando as florestas para cozinhar ou para se proteger do frio. Se, porém, nos valemos da ação de outra pessoa para beneficio próprio, estamos explorando essa pessoa. Se essa pessoa é fraca, desvalida, não tem formas de resistência e de se submeter à nossa ação sobre ela, estamos fazendo algo moralmente condenável, estamos explorando um ser humano, estamos tratando-o como coisa, como instrumento de um fim nosso e não como pessoa. Como veremos, através da exploração estamos não somente tirando um benefício para nós mas também oprimindo outro ser humano, fazendo dele um objeto para nossa satisfação. Ele se torna uma espécie de árvore que queimamos para nos aquecer ou para suprir nossa fome. Desde um certo momento da organização das sociedades humanas, passou a existir a exploração de uns homens por outros. Essa exploração se deu em geral através da utilização do trabalho alheio para obtenção de benefícios, através da exploração do trabalho de outro ou de outros para fins próprios, para acumulação de riquezas. A compreensão da exploração, de sua natureza, de suas formas de existência, requer, assim, o entendimento do que seja o trabalho humano, que tem sido a grande fonte de exploração nas relações dos homens entre si, de suas distintas formas de existência e do que seria uma sociedade sem exploração. Exploração e trabalho humano O homem se distingue dos outros animais por várias coisas: pela música, pela literatura, pela filosofia. Porém, antes de filosofar, compor ou escrever, os homens se diferenciam dos outros animais por sua capacidade de trabalho. O que significa dizer que os homens trabalham? Significa que os homens são os únicos seres que produzem os