Gestão das organizações
Lívia Barbosa, antropóloga e professora da Universidade Federal Fluminense.
É impossível alguém não ficar entusiasmado com a descrição do futuro da fábrica na reportagem de capa da EXAME, na edição de fevereiro: ambientes transparentes que refletem a filosofia gerencial das empresas, espaços amplos e compartilhados igualitariamente, cuidados estéticos com o ambiente de trabalho, acesso generalizado à informação, participação nos lucros, integração entre execução e concepção, entre ação e decisão. Não podemos nos esquecer também de todo um lado social e recreativo composto de restaurantes, clubes creches, serviços médicos, etc.
Outros serviços e facilidades, que embora não estejam citados na reportagem podem ser incluídos, na medida em que fazem parte das grandes organizações modernas: grupos de apoio psicológico, clubes de vídeo, universidades corporativas, academias de ginástica, aulas de relaxamento e atividades de voluntarismo social. E não param por aí. Interessadas em criar um ambiente que estimule o trabalho em equipe, o compartilhar de informações e a boa comunicação, as empresas e organizações contemporâneas investem também na vida social de seus funcionários. Happy hours, idas a karaokês e saídas à noite de grupos de funcionários para dançar são alguns exemplos. Concentradas em um único espaço físico e institucional, essas atividades e serviços nos fazem perguntar se estamos efetivamente falando de um local de trabalho ou de pequenas comunidades auto-suficientes.
Essa descrição de um futuro, que em muitos casos já é presente, fundamenta duas teses que venho defendendo há algum tempo:
1) As empresas são as mais importantes instituições do mundo contemporâneo.
2) Muitas das corporações modernas estão se transformando em instituições totais.
Deixem-me qualificá-las.
As empresas são as mais importantes instituições do mundo contemporâneo porque estão derrubando as tradicionais barreiras da vida cotidiana e