Gestalt-terapia

A POSTURA CLÍNICA DO GESTALT-TERAPEUTA

O espaço de uma psicoterapia de orientação humanista e base fenomenológica caracteriza-se de um modo geral pela busca de sentido, pela desconstrução de rígidas significações previamente dadas e pela ampliação das possibilidades e potencialidades do ser. Essa perspectiva convida o individuo a assumir sua responsabilidade na construção de sentido de si mesmo.
Na pratica clinica, não existe uma única forma para lidar com as questões que aparecem, mesmo que elas se repitam, trazem um sentido totalmente diferente dentro de um outro contexto. É uma experiência singular e todas às vezes são como se fossem a primeira.
O processo de psicoterapia se move entre sensações, emoções, posturas, palavras, imagens, etc. Neste campo se compõem cartografias junto com o cliente, tentativas de dar voz aos afetos, dar novas formas ao mundo, falar dos temores secretos, dos desejos, das dores profundas, de explorar possibilidades. É importante que a interação cliente–terapeuta permita a revelação do mundo interno e que favoreça o desenvolvimento do processo singular de cada um. A fenomenologia nos leva a um exercício de transcender o que o cotidiano oculta, um evidenciamento do nada para a busca do sentido do ser.
Nesta perspectiva, a escuta psicoterapêutica funcionando como pensamento meditante e não calculante seria ela própria uma meditação, mesmo sendo apontada por parte da sociedade atual como um processo “pouco produtivo”. O psicoterapêuta, no lugar do artesão, a partir de sua escuta atuaria como tal em uma criação de um discurso meditante, no qual residiria sua criação poética, permitindo que aquele que se disponibilize reencontrar-se, se dê a conhecer.
Cabe, então, ao psicoterapeuta reconhecer a estagnação do cliente e, através da escuta produzir um desvelamento, facilitar o reconhecimento da ausência de movimento do eu. O cliente deverá vir a reconhecer que sua existência se estabelece na dialética do finito e infinito, do eterno e