Geração Nem Nem
Um em cada cinco brasileiros entre 18 e 25 anos não trabalha nem estuda. É o que revelou a pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ( Ipea) no início deste mês. Jovens que não encontram espaço no mercado de trabalho, não demonstram interesse em procurar emprego e também não querem saber de continuar a estudar. Um dado alarmante, que revela o tamanho da bomba-relógio que ameaça o futuro do Brasil.
São 5,3 milhões de jovens desinteressados, os chamados “nem nem”, que nem estudam, nem trabalham, nem procuram emprego. O que mais impressiona é pensar que, se fossem computados aqueles que ainda procuram alguma ocupação, o número saltaria para 7,2 milhões. Num cenário de baixo desemprego e de economia em expansão, esta é uma parcela importante de brasileiros que não está participando do desenvolvimento experimentado nos últimos anos.
Segundo a pesquisa do Ipea, a maioria deles está inserida em domicílios de renda mais baixa e depende fortemente do apoio familiar. Além disso, a escolaridade foi vista como fator primordial para a participação nas atividades econômicas do país, ou seja, quanto maior a escolaridade dos pais, maior a freqüência do jovem á escola. Isso explica a falta de interesse, pois o grupo que nem trabalha nem estuda mora com os pais e acaba tendo como referência alguém que não deu continuidade aos estudos.
As mulheres, principalmente em razão da maternidade, são maioria nesse grupo, elas somam 3,5 milhões, e os homens, 1,8 milhão -, o que inclui a desigualdade de gênero na equação. O impacto também é maior entre os mais pobres. Na parcela da população com renda per capita de até R$ 77,75, a geração “nem nem” chega a 46,2%. E é notável a disparidade regional: no Norte e no Nordeste, a incidência passa dos 25%, contra 13% no Sul e 16,8% no Sudeste.
Os países ricos também têm seus “nem nem”, mas o motivo é a recessão persistente, que inexiste no Brasil. A média dos jovens que se encontram nessa situação é de 15,8% -