Geração 45
Água Viva, Clarice Lispector (fragmento)
E, vai, uma árvore e ele esbarraram, ele pediu muitas desculpas. Sentou-se a um portal, e disse-se, ajuizado: melhor esperar que o cortejo todo acabe de passar...
E, adiante mais, outra esbarrada. Caiu: chão e chumbo. Outro próximo prestimou-se a tentar içá-lo. — Salve primeiro as mulheres e as crianças! — protestou o Chico. — Eu sei nadar...
E conseguiu quadrupedar-se, depois verticou-se, disposto a prosseguir pelo espaço o seu peso corporal. Daí, deu contra um poste. Pediu-lhe: — Pode largar meu braço, Guarda, que eu fico em pé sozinho ... Com susto, recuou, avançou de novo, e idem, ibidem, itidem, chocou-se; e ibibibidem. Foi às lágrimas: — Meu Deus, estou perdido numa floresta impenetrável!
[...]
E foi de ziguezague, veio de zaguezigue. Viram-no, à entrada de um edifício, todo curvabundo, tentabundo. - Como é que o senhor quer abrir a porta com um charuto? ... Então acho que fumei a chave...
E, hora depois, peru-de-fim-de-ano, pairava ali, chave no ar, na mão, constando-se de tranquilo terremoto. — Eu? Estou esperando a vez da minha casa passar, para poder abrir ... Meteram-no a dentro.
E, forçando a porta do velho elevador, sem notar que a cabine se achava parada lá por cima, caiu no poço. Nada quebrou. Porém: — Raio de ascensorista! Tenho a certeza que disse: —