Gera Es E Alteridade
GERAÇÕES E ALTERIDADE:
INTERROGAÇÕES A PARTIR DA SOCIOLOGIA
DA INFÂNCIA*
MANUEL JACINTO SARMENTO**
RESUMO: A sociologia da infância propõe-se a constituir a infância como objecto sociológico, resgatando-a das perspectivas biologistas, que a reduzem a um estado intermédio de maturação e desenvolvimento humano, e psicologizantes, que tendem a interpretar as crianças como indivíduos que se desenvolvem independentemente da construção social das suas condições de existência e das representações e imagens historicamente construídas sobre e para eles. Porém, mais do que isso, a sociologia da infância propõe-se a interrogar a sociedade a partir de um ponto de vista que toma as crianças como objecto de investigação sociológica por direito próprio, fazendo acrescer o conhecimento, não apenas sobre infância, mas sobre o conjunto da sociedade globalmente considerada. A infância é concebida como uma categoria social do tipo geracional por meio da qual se revelam as possibilidades e os constrangimentos da estrutura social. O desafio a que nos propomos é interrogar o modo como constructos teóricos como “geração” e “alteridade” se constituem como portas de entrada para o desvelamento dos jardins ocultos em que as crianças foram encerradas pelas teorias tradicionais sobre a infância e de como esse conhecimento se pode instituir em novos modos de construção de uma reflexividade sobre a condição de existência e os trajectos de vida na actual situação da modernidade.
Palavras-chave: Infância. Geração. Sociologia da infância. Criança.
Alteridade.
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Este texto tem por base uma versão da comunicação ao 5º Congresso Português de Sociologia, na Universidade do Minho (Braga), de 12 a 15 de maio de 2004 (não publicada).
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Doutor em Estudos da Criança (área de conhecimento em estudos sócio-educativos) pela Universidade do Minho e professor do Instituto de Estudos da Criança da mesma Universidade
(Portugal). E-mail: sarmento@iec.uminho.pt
Educ. Soc., Campinas,