Geografia
Mas isso dificilmente poderá constituir-se numa satisfação irrestrita para o Ocidente, já que nada existe no caráter ou na tradição do Estado russo para sugerir que ele poderia aceitar de bom grado o declínio imperial. Na verdade, historicamente, nenhum dos amplos impérios multinacionais [...] jamais se retirou para a sua própria base étnica enquanto não foi derrotado numa guerra de grandes potências, ou [...] foi tão enfraquecido pela guerra que uma retirada imperial tornou-se politicamente inevitável. Os que se rejubilam com as dificuldades enfrentadas hoje pela União Soviética e esperam o colapso desse império deveriam lembrar-se de que essas transformações ocorrem normalmente a grande custo, e nem sempre de maneira previsível." Paul Kennedy, Ascensão e Queda das Grandes Potências, p. 487, ênfase no original.
Como em outros momentos históricos em que eventos singulares engendraram transformações profundas na ordem internacional, o fim da Guerra Fria não foi previsto ou antecipado nem pelos especialistas em relações internacionais. Na verdade, subjacente a este campo disciplinar existe um paradoxo: se se concorda que rupturas, eventos singulares e descontinuidades constituem a matéria-prima por excelência das relações internacionais, a reflexão teórica sobre estas tem sido, porém, muito colada à história; seus conceitos e modelos analíticos são elaborados com base na experiência, sendo adequados para examinar o passado e pouco úteis