Geografia, isso serve, em primeiro lugar, para fazer guerra
Yves Lacoste é um geógrafo e geopolítico francês que, embora tenha sido militante comunista, a sua geografia manteve relações ambíguas com a teoria e o método marxistas. Em junho de 1972, em plena Guerra do Vietnã, Yves Lacoste publicou no Le Monde um importante artigo sobre a geomorfologia das planícies aluviais de Hanói e, após uma visita ao Vietnã do Norte em agosto de 1972, ele trouxe à luz a estratégica americana de bombardeio dos diques vietnamitas.
Em 1976 escrevera o livro “Geografia, isso serve, em primeiro lugar para fazer guerra”, onde fez críticas contundentes e que não podiam mais ser ignoradas. Teve grande repercussão em meio à população americana. Com isso, contribuiu para derrubar o paradigma da geografia regional francesa, se tornando um dos principais teóricos da geografia moderna.
Uma disciplina simplória e enfadonha?
Todo mundo acredita que a geografia é somente uma disciplina escolar e universitária, cuja função seria a de fornecer elementos de uma descrição do mundo. De fato! Mas, na verdade, nem “todos” acham, uma minoria, que detêm o poder (Estado) a utiliza, em primeiro lugar, para fazer guerra.
É um terrível instrumento dissimulado em meio a população. Mas isso não significa que ela sirva só para conduzir operações militares; é usada também para a previsão das batalhas que é preciso mover contra este ou aqueles adversários, para organizar território e controlar melhor os homens os quais o aparelho de Estado exerce sua autoridade. Denomina-se um saber estratégico, um poder.
As cartas geográficas foram implementadas de forma efetiva neste meio de poder (Estado), onde a proposta do método visou a representação abstrata, porém eficaz e confiável de um concreto (espaço) não tão conhecido com a finalidade de exercer domínio sobre esse espaço e sobre as pessoas que ali vivem.
Mas a geografia não serve só para sustentar, em