Geografia do crime e globalização do crime
Enquanto ex-governadores desfilam em carrões pelas ruas do estado, cercados de seguranças, pagos com dinheiro público, a sociedade cobra do governo o ágil, eficiente e moderno reaparelhamento da máquina policial, que tem ao seu encargo a proteção e a salvaguarda do patrimônio e das vidas de quantos participam da comunidade.
A população está indefesa diante da explosão de criminalidade que assola não somente a capital, mas todo o estado. E mais que indefesa, ela amarga a frustração, o desespero e o inconformismo perante a omissão e até de certa forma a conveniência de autoridades, que negligenciam suas funções no combate ao banditismo. Nos dias atuais, a palavra sossego virou artigo de luxo. Nem os mais afortunados, como todo o aparato de segurança, conseguem dormir tranqüilos. A acumulação do patrimônio e da riqueza, com fruto do labor diário, tornou-se uma espécie de maldição que ameaça, constrange e mata, ao invés de gratificar e premiar uma vida de trabalho, como seria natural.
Recente pesquisa do Ministério da Justiça revela que, entre 1998 e 2008, a criminalidade aumentou, assustadoramente, no interior, enquanto nas capitais e regiões metropolitanas, os índices caíram. Ainda segundo a pesquisa, esse processo de migração da violência deve-se, dentre outros fatores, ao tráfico drogas, ao comércio clandestino de armas e à falta de policiamento.
Enquanto o município de Vale do Anari tem oito policiais militares, para garantir a segurança dos seus quase dez mil moradores, um ex-governador anda com dezoito seguranças, todos policiais. É preciso acabar como esse absurdo. E a saída é a aprovação do projeto de lei do deputado petista José Hermínio Coelho, que põe fim a essa mordomia para ex-governadores. A violência interiorizou-se, invadiu a cidadezinha de médio porte, onde antes se podia dormir de portas e janelas abertas, ou, então, ficar conversando nas calçadas até altas horas. Hoje, quem atrever-se a praticar essa atitude aparentemente