Geografia da população
1) Com a crise mundial de 1929, as regiões do país de economia agroexportadora entraram em colapso. A principal área atingida foi o estado de São Paulo, que enfrentou problemas com a queda do café. A região de Ilhéus passou pela crise do cacau e o restante da Zona da Mata nordestina sofreu com a queda na exportação de açúcar. Nesse contexto, intensifica-se o processo de industrialização brasileira, principalmente na região Sudeste, que passou a receber grandes contingentes de mão-de-obra nordestina. Já a região Sul, que tinha sua economia voltada para o mercado interno, sofreu menos com a crise de 1929.O deslocamento de nordestinos para o Sudeste era indício de que a oferta de empregos não estava atendendo à demanda, de que o desemprego gerado pela crise mundial estimulava a migração pelo país. Em 1934, percebendo que o número de empregos não era suficiente para ocupar a mão-de-obra disponível no país, o governo Getúlio Vargas criou a Lei de Cotas de Imigração e passou a controlar a entrada de estrangeiros, para evitar que o índice de desemprego aumentasse e provocasse instabilidade social. Segundo essa lei, a cada ano só poderiam entrar no país 2% do total de imigrantes dos 50 anos precedentes, por nacionalidade. Por exemplo, de 1885 a 1934 cerca de um milhão de italianos haviam entrado no Brasil; em 1935 poderiam entrar 2% desse contingente, ou seja, apenas 20 mil. Essa lei não foi aplicada aos portugueses, cuja entrada permaneceu livre.Na prática, a restrição imposta pela Lei de Cotas mostrou-se não apenas numérica, mas também ideológica. Se o imigrante demonstrasse simpatia aos movimentos anarcossindicalista ou comunista, por exemplo, era impedido de entrar no país. Além disso, 80% das pessoas aceitas eram obrigadas a trabalhar na zona rural. Com essas medidas, ficavam assegurados a manipulação ideológica e o controle social, já que os trabalhadores nordestinos que iam para São Paulo e para o Rio de Janeiro sujeitavam-se a situações de