Generos Textuais
(Texto de orientação teórica do Caderno Pedagógico 01 – Sequência Didática: uma proposta para o ensino da Língua Portuguesa nas séries iniciais – AMOP – Cascavel, 2007 com adaptações)
1- Concepção de linguagem
A concepção de linguagem que hoje orienta esta proposta metodológica de trabalho com a língua é a do sociointeracionismo, a qual reconhece a natureza social da linguagem enquanto produto de uma necessidade histórica do homem de organizar-se socialmente, de trocar de experiências com outros indivíduos e de produzir conhecimentos.
Nessa perspectiva, a linguagem é compreendida como forma de interação, uma vez que permeia todos os nossos atos, articulando nossas relações com os outros, com os objetos e com o meio, constituindo-nos enquanto sujeitos, diferenciando-nos, enfim, dos animais pela nossa capacidade de abstração. Dessa forma, a linguagem, segundo Geraldi (2005, p. 41), é o "lugar de interação humana. Por meio dela, o sujeito que fala pratica ações que não conseguiria levar a cabo, a não ser falando; com ela o falante age sobre o ouvinte, constituindo compromissos e vínculos que não preexistiam na fala". Devido, portanto, à sua natureza social, entendemos, assim como Geraldi, que a linguagem só se realiza por meio da interação, dentro de situações concretas de produção.
Se reconhecemos, portanto, a natureza social da linguagem, devemos admitir o caráter dialógico e interacional da língua, pois tudo o que dizemos ou escrevemos, dirige-se a interlocutores concretos que, numa relação dialógica, trocam ideias sobre o mundo e nosso conhecimento se constrói nesse processo de interação. Conforme Bakhtin (1997), a língua reflete as relações sociais "relativamente estáveis" dos falantes. Logo, ela carrega marcas de sua história, de quem a produz, do lugar onde é produzida e em função de que(m) é empregada. Dessa forma, conhecemos a nossa língua não através de dicionários e manuais,