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Sem supervisão, computadores nas escolas brasileiras mais distraem do que ensinam
Camila Antunes Escola Ernani Bruno, em São Paulo: os professores não sabem usar os PCs
O computador é uma poderosa ferramenta do aprendizado. Por meio dele, os estudantes podem ingressar em redes virtuais, compartilhar projetos de pesquisa e acessar gigantescos bancos de dados. No entanto, não é o que tem ocorrido no Brasil. Uma pesquisa do Ministério da Educação (MEC) permite afirmar que o aparecimento de novos laboratórios de computadores nas escolas brasileiras fez o ensino piorar. Segundo a pesquisa, estudantes que usam computadores nas escolas estão seis meses atrasados nas matérias curriculares em relação aos alunos sem acesso ao equipamento. Para chegarem a tais conclusões, os especialistas reuniram as notas dos estudantes nas três últimas edições do Saeb, prova aplicada pelo MEC para aferir a qualidade do ensino básico. Por meio de recursos estatísticos, eles conseguiram medir o grau de influência do computador sobre o desempenho dos alunos com acesso ao aparelho – 38% das escolas públicas já têm PCs instalados.
Outras pesquisas já haviam mostrado que os computadores têm contribuído pouco (ou nada) para a excelência nas escolas brasileiras. Até esse momento, no entanto, nenhuma delas havia traçado um retrato tão negativo. Analisa a especialista Fabiana de Felício, autora do estudo: "Sem a supervisão dos professores, as crianças perdem tempo em frente ao computador com atividades sem nenhuma relevância para o ensino". Leia-se: jogos e bate-papos virtuais. Países onde os estudantes cultivam o hábito de usar o computador na escola têm uma lição elementar a ensinar ao Brasil. Tais projetos só foram adiante com sucesso porque os professores receberam treinamento para fazer uso dos PCs para fins pedagógicos. No Chile, é o caso de 80% dos docentes. No Canadá, as escolas contratam ainda especialistas encarregados de organizar bibliotecas de softwares