Galgos
Esses dias atrás fui na casa de um casal de amigos. Amigos finos, que embebedam a gente com classe, nos servem bolinho de arroz e a gente nem sente que está comendo fritura, música boa, jantar com sete pratos, casa maravilhosa, repleta de obras de arte. Aí a gente pensa, que bacana um dia se eu vivesse assim... E depois a surpresa: eles criam galgos. Sabe, galgos? Aquela raça chique de cachorros?
Os galgos me abalaram... Ver aqueles cães, tão elegantes, com as costelas aparecendo, com aquele ar de quem faz pouco caso de comida, preferem correr 10 quilometros a um bom bife ao ponto, com aquela barriga chapada pra dentro, como está na moda, o abdômen negativo e com aquele ar de auto-suficiência, de “só deixo você chegar perto de mim se eu confiar”...
Os galgos me deixaram um pouco deprimida, ou no mínimo melancólica. Meu primeiro pensamento totalmente embriagado: preciso seguir a dieta dos galgos. Esse pensamento eu abandonei rapidamente, ração canina e pescoço de frango seriam muito sacrifício com o objetivo de livrar minhas costelas da capa insistente de gordura que persiste em cobrí-las. Tudo bem, a dieta dos galgos definitivamente não é o caso. Mas correr como um, seria bastante conveniente. Fico completamente atordoada quando a conversa começa a girar em torno de quilômetros semanais de corrida. Gente! Hello?! Como assim, 40 quilometros de treino por semana? Fico primeiro impressionada, depois com inveja, um pouco mais depois vem o pensamento destrutivo: essa moça vai ter uma flacidez absurda, a pele toda manchada de sol, e não deve ter energia para mais nada. Só faz isso, não bebe e não come, no mais amplo sentido do verbo. Pronto.
“Se você não pode ser ou ter o que quer, o que te sobra é destruir?” Querido analista, o que eu queria mesmo era te dizer poucas e boas agora. Você fica aí pensando sei lá o que e me fala uma coisa dessas? Fala pra mim que os galgos têm o temperamento muito disciplinado, que eu não sou assim, que eu estou mais para uma