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E O REGIONALISMO
Isabel Ferin da Cunha
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IX
IX OS MEDIA E O REGIONALISMO
E
ste artigo procura discutir, no contexto de aprofundamento da globalização, o conceito de regionalismo, tendo em conta os media, as indústrias culturais e de conteúdo, bem como as tecnologias de informação e comunicação. A exposição parte do princípio que o conceito de regionalismo é hoje essencialmente plural, por vezes contraditório, e, muitas vezes, complementar ao conceito de globalização. Com este objectivo, enunciam-se algumas perguntas de partida, que constituem, simultaneamente, hipóteses de trabalho para a exposição teórica. Qual a relação entre globalização e os media e as tecnologias da Informação e da Comunicação? Em que medida existe uma hegemonia cultural promovida pelos media e as tecnologias da Informação e da Comunicação? Como os produtos mediáticos globalizados são consumidos por espectadores e consumidores portadores de culturas distintas, dispersos por continentes, regiões e locais? O que é o regionalismo? Se for caracterizado como oposição e resistência à globalização, o regionalismo deverá ser entendido como uma forma dos cidadãos se sentirem em casa ou como uma manifestação de ensimesmamento retrógrada?
Ou será o regionalismo um nicho de mercado, potenciador de novas actividades, como o turismo e o artesanato, ou de identidades, exigindo uma informação de proximidade diversificada?
A resposta a estas perguntas exige uma abordagem pluridisciplinar e interdisciplinar, assim como perspectivas conceptuais que desafiam alguns princípios consolidados na literatura portuguesa sobre os media e o regionalismo. Na discussão destas concepções teóricas ter-se-á em consideração autores que, reconhecidamente, desenvolveram trabalhos sobre a globalização, tais como Bauman, Giddens, Castells ou Sparks, mas também autores que têm pensado a conexão entre os media, as tecnologias da Informação e da Comunicação e as indústrias culturais e de