Fábula
Todas as manhãs, ás seis horas a.m, o galo Betinho cantarolava o seu hino e acordava toda a fazenda, mais ou menos assim: “cococoricó”. Era mandão, sentia-se formoso, poderoso e rei da fazenda. Não era amigo dos outros animais, queria ser mais do que eles, e esses animais não achavam legal, ficavam chateados e sempre diziam:
- Ele não é amigo! – fala a Ovelha.
- Esse galo se acha demais. – diz a Galinha.
E muitos outros comentários surgiam.
Em uma das manhãs, percebeu que estava perdendo sua bela voz aos poucos e, mesmo assim cantarolou. Ao decorrer do dia percebeu que não tinha mais jeito e não sabia o que fazer. Quando a noite chegou, entrou em desespero e disse para si mesmo:
- Como irei mostrar minha bela voz amanhã? Sou insubstituível e não há solução...
Como não tinha mesmo outro jeito, foi falar com Jubileu (o outro galo), a quem não gostava. Ele aceitou tomar o seu lugar por alguns dias sem nenhum problema. Era um galo muito amigo, companheiro, humilde e simpático, diferente de Betinho, mas ninguém o conhecia tanto.
Depois de mostrar o seu trabalho e competência por várias manhãs, Betinho começou a admirar – lo. Percebeu que Jubileu tinha qualidades muito mais importantes e valiosas do que ele mesmo e, o melhor de tudo: não ficava se crescendo para ninguém. Então, Jubileu passou a cantar sempre da fazenda e ser adorado por todos.
Quem pensa que tem ou é muita coisa, na maioria das vezes, não é e não pertence nada.
Bianca de Almeida Silva