Existem vários registros da chegada do futebol em terras brasileiras. Alguns falam que, em 1864, o esporte foi trazido por marinheiros estrangeiros que jogavam as nossas conhecidas “peladas”. Outros apontam para os anos de 1874 e 1878, sendo o descampado localizado em frente à residência da princesa Isabel, no Rio de Janeiro, o palco para a diversão. Terceiros indicam ainda o futebol “caipira", praticado por volta de 1867 no interior paulista. Porém, a explicação mais aceita sobre a introdução do “football” no Brasil é a de Charles Miller, que trouxe uma versão organizada do esporte para a capital paulista, local de sua residência¹. Filho de um engenheiro escocês e de uma brasileira de descendência inglesa, Charles Miller nasceu no bairro do Brás em 1874. Foi para a Inglaterra estudar aos nove anos e só voltou para o Brasil em 1894, trazendo consigo, além da bagagem intelectual, algumas camisas e uma bola. Ao voltar de Londres, tratou de difundir o futebol entre os ingleses que residiam em São Paulo, já que o esporte praticado por eles era o críquete. O futebol brasileiro nasce e se desenvolve como um esporte de elite e em seus primórdios não existia remuneração aos jogadores e tampouco um local específico para a realização das partidas. A primeira partida de futebol aconteceu em 1895, em um terreno cedido por uma empresa de transporte da época, na Várzea do Carmo, próxima da região do Brás, e contou com a participação dos altos funcionários de duas empresas: a : a San Paulo Gas Company e a The São Paulo Railway Company. Somente em 1901, o Velódromo Paulistano, construído em 1892 para as corridas de ciclismo, passou por adaptação e tornou-se o primeiro estádio de São Paulo. Nesse período, a participação feminina nas arquibancadas do Velódromo era freqüente. O esporte era praticado, naquela época, como diversão e entretenimento: estava presente na recreação dos colégios frequentados pelos filhos da elite local, especialmente em São Paulo