futebol na alemanha
Eles tiraram o futebol do país da lama para transformá-lo no mais organizado e poderoso do mundo. Estádios lotados e novos craques despontaram de uma filosofia simples: o papel social do esporte é mais importante que qualquer troféu por Guilherme Pavarin e Alexandre Versignassi
No comecinho dos anos 2000, o grandalhão Oliver Bierhoff era o maior - e bota maior - símbolo do então apático futebol alemão. Experiente, corpulento, de canelas longas, pouca técnica e quase nenhuma movimentação, o centroavante abusava dos seus 1,91 m para finalizar as jogadas do único jeito que sabia: pelo alto, entre os zagueiros, cabeceando firme para dentro das redes. O movimento era repetido à exaustão. Jogo a jogo.
Na Eurocopa de 2000, na Bélgica, os alemães sentiram a limitação bater na ponta das chuteiras. Atirados em um grupo com equipes fortes - Inglaterra, Portugal e Romênia -, caíram logo na primeira fase, marcando apenas um ponto e um gol. Vexame para uma camisa tricampeã mundial, que já tinha vestido Franz Beckenbauer, Karl Rummenigge, Paul Breitner. "Estávamos pensando exatamente como vocês brasileiros pensam hoje: que não precisávamos aprender nada. E fomos jogando cada vez pior, pior e pior", resumiu o próprio Breitner numa entrevista recente para o canal ESPN Brasil. Mas a queda em 2000 fez os alemães acordarem. Autoridades foram a público e tornaram o desempenho da seleção assunto de estado. O governo traçou um plano ambicioso: em uma década, a Alemanha deveria voltar a ser uma potência futebolística.
A missão, afirmaram os governantes, era fazer com que a população voltasse a se encantar com o esporte. O país, então, botou a mão no bolso. Em pouco mais de 12 anos, investiu cerca de US$ 1 bilhão em academias e centros de treinamentos para jovens. A ideia era usar esses CTs públicos para ensinar futebol com uma receita em duas medidas: 50% habilidade, 50% força - em vez dos 200% força que a seleção vinha aplicando.
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