Fundações comunitárias no século 21
Fundações comunitárias são um excelente exemplo da interação de processos globais e locais. Sua evolução ao longo das últimas duas décadas é caracterizada por duas tendências simultâneas. Uma delas é a propagação do conceito de fundações comunitárias para muitos países em todo o mundo e sua adaptação aos contextos locais e nacionais. A outra é a crescente internacionalização das atividades das fundações comunitárias em termos de redes, de doação, e colaboração (Ruffin 2003: 11-18). Ambos os processos são, em última instância, complementares e interdependentes, embora possam colidir em situações concretas. Por razões analíticas, eles vão, contudo, ser examinados separadamente nas seções seguintes deste capítulo, começando com a história e a propagação do conceito de fundação comunitária.
Origem Histórica e Desenvolvimento Embrionário nos Estados Unidos e Canadá
Comunidade baseada em filantropia não é um fenômeno novo. Também não é uma invenção da civilização ocidental. A idéia de uma fundação que reúne os recursos de doadores locais para atender às necessidades locais pode ser encontrada em muitas culturas ao redor do globo. Na tradição européia, por exemplo, de locais de caridade em formas coletivas remonta até à Idade Média (Smith e Borgmann, 2001: 12-17). Embora as motivações, práticas e quadro jurídico para a comunidade baseada em atividades filantrópicas têm mudado ao longo dos séculos, esta tradição tem de ser lembrada quando se fala de fundações comunitárias contemporâneas. O conceito moderno de fundação comunitária, no entanto, é de origem mais recente.
A primeira fundação comunitária, a Fundação Cleveland, foi criada em Cleveland, Ohio, em 2 de janeiro de 1914, por iniciativa de um advogado e banqueiro chamado Frederick Harris Goff. Como o administrador de muitos grandes legados, Goff havia observado em primeira mão quão rapidamente presentes a caridade póstuma poderia se tornar obsoleto. Neste contexto, ele