fundamentos
Quando entramos em contato com o outro, não gerenciamos apenas informações, mas também a nossa relação com ele. Um bom dia, um muito obrigado, as formas de tratamento (você, a senhora) tudo isso é gerenciamento de relação. Muitas vezes, ao introduzirmos um assunto, construímos antes uma espécie de "prefácio gerenciador de relação". O personagem Riobaldo, dialogando com seu interlocutor, em Grande Sertão - Veredas, diz:
Mas o senhor é homem sobrevindo, sensato, fiel como papel, o senhor me ouve, pensa e repensa e rediz então me ajuda. Assim, é como conto. Antes canto as coisas que formaram passado para mim com mais pertença. Vou lhe falar. Falo-lhe do Sertão. Do que não sei. Um grande sertão! Não sei. Ninguém ainda sabe. Só umas raríssimas pessoas e só essas poucas veredas, veredazinhas. O que muito lhe agradeço é a sua fineza de atenção!
A única informação desse texto é que Riobaldo vai falar do Sertão, coisa pouco conhecida. O resto é gerenciamento de relação. Às vezes, um diálogo é puro gerenciamento de relação. É o que acontece quando duas pessoas falam sobre o tempo ou quando dois namorados conversam entre si. O que dizem é redundante. Se um diz:
_ Eu te amo!
Isso é coisa que o outro já sabe. Mesmo assim, pergunta outra vez:
_ Você me ama?
E recebe a mesma resposta. E ficam horas a fio nessa redundância amorosa, em que o importante não é trocar informações, mas sentir em plenitude a presença do outro. Depois que o relacionamento evolui e se casam, passam a sentir-se mais seguros, um em relação ao outro, e aí começam a negligenciar a parte carinhosa, sensível entre os dois, para cuidar de aspectos mais práticos. Por esse motivo é que, no espaço privado, acabamos gerenciando mais informação e menos relação.
Dentro de casa, raramente as pessoas dizem, por favor, ou muito obrigado. No espaço público, até mesmo por motivo de sobrevivência social, as pessoas procuram, com maior ou menor sucesso, gerenciar, além da informação, a