Fundamentalismo gera trauma religioso Jornal Extra Classe
Nº 178 | Ano 18 | Out 2013
ENTREVISTA | MARLENE WINNE
Fundamentalismo gera trauma religioso
A psicóloga, educadora e escritora norte-americana Marlene Winnel explica síndrome causada por fundamentalismo religioso e a dificuldade das vítimas na busca pela cura
Por Grazieli Gotardo
Foto: Arquivo pessoal
Marlene Winell, norte-americana, é psicóloga, educadora e escritora, com 28 anos de experiência tanto em atendimentos clínicos, quanto na área acadêmica.
Doutora em Desenvolvimento Humano e Estudos da Família da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, é a autora do livro Leaving the Fold: A Guide for Former Fundamentalists and Others Leaving their Religion, ainda sem edição em português. Trata-se de um guia sobre como identificar e se livrar de problemas desencadeados por religiões fundamentalistas. Marlene cunhou o termo Síndrome do Trauma Religioso para classificar os sintomas de pacientes que sofrem de transtornos mentais em decorrência da doutrinação dessas crenças. Para ela, religião é algo que não deve ser ensinado para crianças e o fundamentalismo rouba a identidade das pessoas.
Extra Classe − O que é a Síndrome do Trauma Religioso e como você desenvolveu sua teoria?
Marlene Winell – É a condição vivida por pessoas que estão lutando para sair de uma religião autoritária, dogmática e sofrendo os danos dessa doutrinação. Eles podem estar passando por um momento de quebra de conceitos e de paradigmas pessoais ou rompendo com uma comunidade ou estilo de vida controlador. Os sintomas dessa síndrome podem ser mais facilmente comparados com o Transtorno de Estresse Pós-Traumático, que resulta da experiência de ser confrontado com a morte ou lesões graves que provocam sentimentos de terror e impotência. Como no Transtorno de Estresse Pós-Traumático, o impacto da Síndrome do Trauma Religioso é de longa duração, com pensamentos intrusivos, estados emocionais negativos, convivência social deficiente