Fugir, morrer ou matar: um retrato da luta dos escravos pela liberdade no paraná (1868)
RESUMO
O estudo focaliza o anseio do negro pela liberdade diante de maus tratos, torturas e punições aos quais eram submetidos, tem como objetivo explanar sobre o contexto histórico da escravidão e analisar o crime de filicídio da escrava Ignácia registrado em um processo no Arquivo Público do Paraná. A metodologia utilizada foi pesquisa bibliográfica com análise documental e os resultados demonstraram de forma abrangente os conflitos, sentimentos e desfechos decorrentes do processo escravagista.
Palavras-chave: Escravos. Crimes. Liberdade. 1 INTRODUÇÃO
Sabemos que medos incertezas, revoltas e principalmente insatisfações permearam a vida do negro durante a escravidão, e cada qual com a sua tentativa de tornar mais brando e suportável seu suplício, porém, isso às vezes trazia consequências trágicas.
O presente artigo tenciona apresentar uma abordagem panorâmica da escravidão e paralelamente analisar o crime de filicídio da escrava Ignácia, ocorrido na Província do Paraná no ano de 1868, fato que ilustra fielmente a extensão das reações das vítimas da escravidão diante do cenário de repressão a que se viam sujeitas. Para compreender a conjuntura, levantamos as seguintes questões: Qual o motivo levou a escrava a cometer o crime de filicídio? Qual a consequência do crime para a escrava?
Para compreender melhor essa sequência de acontecimentos, buscamos alguns autores como Ferrarini, que focaliza a escravidão negra no Paraná, espaço onde ocorreu o crime em questão, Graf, que relata a realidade social dos escravos do Paraná através de periódicos, Slenes, que apresenta um trabalho completo e minucioso sobre a família escrava e Gorender, tratando de assuntos pertinentes à escravidão de maneira geral.
Ao buscar documentos amarelados e empoeirados fazemos emergir os gritos das vítimas em meio ao silêncio e apesar do trabalho do historiador