Fronteira e uma linha imaginaria
Desde os meus primeiros passos, foi se conquistando novos metros quadrados. Meu território já não era mais contado na unidade de centímetros ou metros, e sim quilômetros.
Expandi minha marcação com a Avenida 23 de maio, através desta atravessava a cidade da Zona Sul a Zona Norte para encontrar a Vovó Lurdes. A bolha na qual antes era meu bairro, agora ja estava prestes a explodir, para que pudesse pegar mais sabão. Uma nova bolha. Uma nova brincadeira. Uma nova criança.
Enxergava antes tudo cinza, ai chegou a formosa adolescência. Com o tempo as cores foram surgindo. Dançava na Barra Funda e via vermelho. Via verde ao andar no largo da batata. Azul ao passar pela Av. Paulista. Mas ainda era preto o que me sussurravam ser a periferia.
Essa colcha de retalhos se isola, sozinha, sem ninguém. Ela mesma se delimitou a tal território; Precisou se personificar pois teve sua necessidade natural. Agora eu? Precisei ficar nesta grande fronteira que me limitou certos conhecimentos, Mas, que apesar de tudo, me ajudou a ser São Paulo.
Expectativa Criada é Ferimento com Agulha
Costurando trapos. Lembrando dos dias doces, das atitudes inesperadas, de sentimentos.
Tornando-se especialista na arte dos remendos. Pois um dia alguém olhou fundo, mergulhou retina adentro, e só não caiu por que segurou nossa mão com firmeza. Deslizou os dedos entre os nossos, um dia fez uma medição de mãos.
Juntando retalhos. Querendo de volta carinhos cúmplices, o estar pertinho, o esbarrão intencional, o sentar do lado, as juras que não podiam ter existido. Querer os convites para jantares que nunca aconteceram, festas, chegadas e partidas. Um simples café da manhã que nunca teve.
Balançando o pó. Reparando na