freud
Artigo de autoria do Professor Nahman Armony, Psicanalista.
A questão moral está em pauta no Brasil e no mundo. As transgressões, não só as grandes como também as pequenas, multiplicam-se, proliferam cancerigenamente, ameaçando a sobrevivência da sociedade. Roubo, corrupção, suborno, tráfico de influência, assassinatos, impunidade, e mais, vemos e lemos diariamente nos jornais. E tudo isto com a maior desfaçatez, com uma espécie de orgulhosa arrogância onipotente de estar acima dos homens e além da lei. Chegamos ao requinte de corromper a própria corrupção: os políticos fisiológicos de tal maneira se deixaram imbuir pela corrupção que corromperam a própria. Foram comprados e não pagaram a conta. Foram infiéis à própria corrupção. Absoluto pioneirismo. Brasil à frente do mundo. Também as pequenas transgressões estão diariamente ao alcance de nossa vista: trânsito, imposto de renda, apropriação de livros, depositação de fezes de animais domésticos nas calçadas, horários, faltas, etc. Não vou me estender naquilo que é percepção e pensamento comum. Está em curso um processo de dissolução da moral e alguma coisa deverá ser feita para que as relações humanas não cheguem ao nível do insuportável. Este trabalho coloca-se na linha das tentativas de compreensão/contribuição a este problema.
Os termos ética e moral, usados de formas múltiplas, muitas vezes se confundem. Aqui, por necessidade metodológica, vou distingui-los atribuindo-lhes significados distintos se bem que próximos. Chamarei de moral às normas de conduta estabelecidas por cada grupo social; modelo a ser seguido. Chamarei de ética os princípios gerais que sustentam as relações sociais; cada situação deverá ser esquadrinhada, sentida e examinada à luz destes princípios gerais.
Tanto Freud quanto Winnicott usam o termo moral para falar da ação reguladora do superego. Porém, dentro das definições de ética