Francisco Manoel de melo
-Poesias
Em 1628, publicou um conjunto de sonetos. É, contudo, nas suas “Obras Métricas” (Lyon, 1665), que o autor se mostra digno representante do estilo barroco, espelhando igualmente a influência do renascimento e maneirismo português. Entre a obra poética publicada neste volume encontra-se também o “Auto do Fidalgo Aprendiz”, já que está escrito em verso.
O tema do desconcerto do mundo predomina na sua poesia, tal como na generalidade da poesia e arte barroca. Muito do que conhecemos da sua biografia advém da interpretação de muitas das passagens reflexivas e meditações morais da sua obra poética. Esta, está dividida em três partes: a primeira e a terceira, em castelhano e a segunda em português, contendo sonetos,éclogas, romances e trovas. A primeira parte, “Las três musas del Melodino”, publicada pela primeira vez em Lisboa em 1649, está dividida em “El harpa de Melpómene”, “La cítara de Erato” e “La tiorba de Polymnia”. A segunda parte, em língua portuguesa, designada por “As Segundas Três Musas do Melodino” que se dividem em “A Tuba de Calíope”, “A Sanfonha de Euterpe” e “A Viola de Talia”. A terceira parte, de novo em castelhano, designada por “El Tercer Coro de las Musas del Melodino”, divide-se em “La Lira de Clio”, “La Avena de Tersicore” e “La Fistula de Urania”.
Em “A Tuba de Calíope”, cerca de cem sonetos transmitem as suas reflexões que aliam o humor irónico ao pessimismo barroco, através de sentenças moralistas típicas do autor. Na “Sanfonha de Euterpe” encontramos o famoso poema “Canto da Babilónia”, inspirado na não menos célebre redondilha “Babel e Sião” de Luís Vaz de Camões. As éclogas “Casamento”, “Temperança” e “Rústica”, influenciadas pelo estilo de Sá de Miranda, encontram-se no mesmo volume.
O tema da morte está diversas vezes presente, como no soneto “Vi eu um dia a Morte andar folgando”, onde se reflecte sobre o poder desordenador, caótico e desequilibrado que a morte impõe ao mundo dos vivos e incautos. O