Foucault
O conceito de “Olhar” é explorado a partir do modelo arquitetônico do sociólogo Jeremy Bentham, o Panopticon, o qual consiste em uma estrutura que permite um olheiro observar os indivíduos de uma instituição sem que estes possam saber quando estão sendo observados. Esse modelo poderia ser aplicado a hospitais, escolas, hospícios, mas principalmente prisões, e garantiria a máxima disciplina e transparência através da vigilância, em oposição às antigas celas e masmorras, onde os detentos permaneciam na escuridão, longe do olhar do poder. A teoria que se desenvolveu a partir dessa antítese é a de que a transparência, em oposição à escuridão, seria mais efetiva para a reestruturação e reestabelecimento de uma disciplina que otimiza o funcionamento do estabelecimento.
Num plano mais abrangente, Foucault usa a essência do que é o Panopticon para entender o funcionamento das tecnologias de poder atuais. Seria quase como uma junção das teorias de Rousseau (uma sociedade transparente em que todos enxerguem o conjunto) e Bentham (o exercício de um ”poder onividente”, ou seja, tudo vê, tudo conhece): uma sociedade organizada inteiramente em torno de um olhar dominador e vigilante. O “poder disciplinar”, portanto, estabelece relação antitética com o “poder violento”: ao invés de se utilizar de duras punições como exemplo para que desta forma se influencie os demais a não descumprirem as normas sociais, se discute um sistema em que a ordem se estabelece a partir da vigilância mútua. O olhar e a opinião pública pressionam o indivíduo, não a fim de puni-lo propriamente, mas sim de evitar que este “aja mal” em primeiro lugar, tirar-lhe o desejo de fazer o