Formação linguística no Brasil - Resenha
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS – FFLCH
Formação linguística do Brasil
São Paulo
2014
O livro Formação linguística do Brasil, de Paulo Bearzoti Filho, disserta sobre a composição do português brasileiro desde o surgimento e difusão do latim nos territórios pertencentes ao Império Romano até o português falado hoje nos diversos países onde foi adotado. A análise feita por Bearzoti tem como base o trabalho de estudiosos do idioma, tais como Antônio Houaiss, Celso Cunha e Ataliba Castilho. O autor aborda os aspectos históricos, culturais, sociais, políticos e econômicos da transformação do português, evidenciando o fator da mutabilidade da língua, que, através do tempo, passou por mudanças que envolvem seu léxico e até mesmo sua fonética.
Inicialmente, o livro traça um histórico da origem do latim e das línguas neolatinas. Apesar da intensa expansão do latim pelas terras conquistadas pelo Império Romano, o impacto não foi o mesmo em áreas como a Grécia e o Mediterrâneo oriental, onde, influenciadas pela cultura helenística, o grego se manteve sempre como a língua mais praticada. Ainda nesse capítulo, Bearzoti apresenta as variantes do latim, fazendo a distinção entre as modalidades literária e vulgar da língua e seu desenvolvimento.
A variedade literária, utilizada na escrita e transmitida pela tradição escolar, foi a língua culta na Europa durante toda a Idade Média e teve grande importância para o Humanismo e o Renascimento europeu. Atualmente, é usada pela Igreja Católica e, inclusive, é a língua oficial do Vaticano. A construção do latim literário se deu a partir do modo de falar da aristocracia romana das cidades. No entanto, como a maior parte da população era formada por pessoas sem escolaridade, o latim vulgar foi o mais empregado. Dele derivaram as línguas latinas modernas, pois era utilizado muito mais como língua falada do que o latim literário. Com a desestruturação do