Formatação de Word
TEXTO: PATRIK CAMPOREZ
FOTOS E VÍDEOS: MARCELO PREST
DIAGRAMAÇÃO WEB: NATÁLIA BOURGUIGNON
Nova Venécia, Norte do Estado, 2013. O estudante Carlos Pinho, de 15 anos, levanta da cama às 4 horas, coloca a bomba de veneno nas costas e caminha até a propriedade de um vizinho para pulverizar lavouras de café. Depois de um dia intenso de trabalho, sem usar luvas e máscaras de proteção, o rapaz tem convulsões, desmaia, e não volta para a casa da sua mãe. Carlos morreu 10 dias depois.
Interior de Vila Valério, ainda no Norte. Vagner Capaz tinha acabado de completar 17 anos quando comeu um pedaço de melancia contaminada com agrotóxico. Duas semanas depois, faleceu no hospital. Seu pai entrou em depressão nos meses seguintes, e a mãe, Dona Maria Idefonso, ainda acorda todas as noites achando que o filho está batendo na porta de casa.
Também vítima do veneno, Maria Geralda do Carmo seguia pela BR 101 quando, na altura de Conceição da Barra, um avião que pulverizava uma plantação de feijão despejou várias rajadas de veneno em cima do carro onde ela estava com outras duas pessoas. Ela sofreu queimaduras, o rosto ficou desfigurado e o veneno no corpo a deixou em coma por dois dias. Maria, que por ironia do destino é conselheira estadual de Alimentação e Nutrição, até hoje carrega sequelas no corpo.
Aparentemente casos isolados, os relatos acima são de apenas uma parte dos mais de 6 mil capixabas que sofreram intoxicações por uso indiscriminado de agrotóxicos agrícolas na última década. Nas últimas semanas, A GAZETA aprofundou-se numa investigação que percorreu 1,5 mil quilômetros pelo interior do Estado e ouviu histórias de homens e mulheres que sofreram contaminação, chegando a desenvolver doenças como câncer, infertilidade, impotência e depressão.
Os últimos números da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Centro Estadual de Atendimento Toxicológico (Toxcen) elevam o Espírito Santo ao triste primeiro lugar no ranking nacional das