formacao social e economia do brasil
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A historiografia econômica brasileira marcou-se pela elaboração, ainda na primeira metade do século XX, de uma interpretação acerca do processo de formação econômica e social do Brasil assentada na ênfase posta na produção para exportação. Assim, em Formação do Brasil Contemporâneo: Colônia, publicado em 1942, Caio Prado Júnior explicitava o sentido da colonização, conceito fundamental a embasar a aludida interpretação: "No seu conjunto, e vista no plano mundial e internacional, a colonização dos trópicos toma o aspecto de uma vasta empresa comercial, mais completa que a antiga feitoria, mas sempre com o mesmo caráter que ela, destinada a explorar os recursos naturais de um território virgem em proveito do comércio europeu. É este o verdadeiro sentido da colonização tropical,de que o Brasil é uma das resultantes: e ele explicará os elementos fundamentais, tanto no econômico como no social, da formação e evolução históricas dos trópicos americanos. {...} Se vamos à essência da nossa formação, veremos que na realidade nos constituímos para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros; mais tarde ouro e diamantes; depois, algodão, e em seguida café, para o comércio europeu. Nada mais que isto. E com tal objetivo, objetivo exterior, voltado para fora do país e sem atenção a considerações que não fossem o interesse daquele comércio, que se organizarão a sociedade e a economia brasileiras. Tudo se disporá naquele sentido: a estrutura, bem como as atividades do país." (PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo: Colônia. 17a. ed., São Paulo: Brasiliense, 1981, p. 31-32).
É sabida, e indiscutível, a importância do modelo interpretativo proposto por Caio Prado Júnior para a compreensão de nossa formação histórica. Todavia, ainda que tenha sido inegável a relevância ímpar, nas etapas colonial e imperial da história brasileira, das atividades direcionadas à exportação, sedimentava-se na historiografia um viés exportador, que passava a nortear os