Forma Moderna E Cidade
Rodrigo Queiroz
Edifício Eiffel, São Paulo. Arquiteto Oscar Niemeyer, 1952
Foto Nelson Kon
A relação condicional entre forma e espaço no projeto moderno
Na segunda passagem do arquiteto franco-suíço Le Corbusier pela cidade do Rio de Janeiro, ocorrida entre 12 de julho e 15 de agosto de 1936 – consequência do convite para a realização de conferências e consultoria nos projetos do campus da Universidade do Brasil e da sede do Ministério da Educação e Saúde Pública – chama a atenção sua sistemática resistência em elaborar o projeto do edifício ministerial no terreno originalmente proposto, localizado no centro da cidade, definido por uma quadra inteira delimitada pelas ruas Graça Aranha, Araújo Porto Alegre, da Imprensa e Pedro Lessa (1).
Ministério da Educação e Saúde Pública, estudo para a Praia de Santa Luzia, Le Corbusier e equipe brasileira, 1936 [CORONA, Eduardo. Oscar Niemeyer: uma lição de arquitetura]
Dos 35 dias que permaneceu na cidade do Rio de Janeiro, Le Corbusier reservou 31 à elaboração de um projeto alternativo para o edifício do ministério, primeiramente implantado em chão fictício, abstrato, vazio e com pe rspectiva completamente desimpedida, defronte ao mar. Passados dez dias de sua chegada, o arquiteto encontra o terreno ideal para a implantação de seu novo projeto e adapta seu estudo a uma área linear com o comprimento voltado à Baía da Guanabara. Faltando apenas quatro dias para seu retorno à Paris, Le Corbusier é informado da inviabilidade de sua proposta e dedica-se, contrariado, à elaboração de um novo projeto para o terreno original (2).
Esse episódio ilustra com nitidez um dos principais paradoxos da arquitetura moderna: a suposta incompatibilidade entre o projeto do espaço moderno e a cidade tradicional.
A vertente construtiva do projeto moderno reconhece o edifício em si como um elemento, uma expressão parcial do espaço moderno, extensível ao limite do