Fome, Peste e Guerra
Ao crescimento em termos económicos e demográficos que a Europa sentira após o ano mil, seguiu-se um violento abalo desta estrutura a partir de finais do século XIII que só findariano século XV. Trata-se de um período marcante, pois significa o advento do Renascimento e o aparecimento do Estado moderno. A fisionomia da Europa modifica-se em consequênciadas fomes, pestes e guerras que agitaram os poderes tradicionais e fizeram emergir novas formas de poder no Velho Continente, enquanto se perdia o último vestígio da Antiguidadecom a queda do Império Romano do Oriente (1453, tomada de Constantinopla pelos turcos).
A crise começou a sentir-se no mundo rural, onde as crises de subsistência se tornaram comuns. Tal facto deveu-se a sucessivas alterações climáticas as quais diminuíramdrasticamente a produção de alimentos numa Europa sob forte pressão demográfica devido ao surto de progresso após o ano mil. Como não era possível recorrer a importações nem eragrande o número de excedentes, a fome foi uma consequência imediata e depois única, tendo sido particularmente grave durante o período de 1315 a 1317. Além das vítimas mortais, acarestia trouxe também o enfraquecimento das defesas do organismo, facilitando a disseminação das doenças.
A grande praga foi a peste bubónica, conhecida como Peste Negra. Chegou à Europa em 1347 através de barcos genoveses vindos da Crimeia. A peste que tempos antes assolara aÁsia chegava por via da rota da seda e atacava os comerciantes italianos. Em pouco tempo, devido às pulgas dos ratos e à insalubridade das cidades, a doença alastrou-se a toda aEuropa, difundida no sentido dos ponteiros do relógio pelos comerciantes mediterrânicos em toda a Europa. Estima-se que terá morrido cerca de um quarto ou um terço da populaçãoeuropeia. Esta doença, diferentemente da fome, a todos atingiu, sem distinção de condição social. Em consequência assistiu-se a uma desorganização das