Folhagem
Jornal do Commercio - Recife, 26 de abril de 1998
A polêmica da vitamina C por ANTÔNIO MARINHO E
CÁSSIA MARIA RODRIGUES
Agência Globo
A vitamina C (também chamada de ácido ascórbico) faz mal a saúde? Até então a maioria dos médicos recomendava a vitamina C como a melhor arma contra os efeitos nocivos do envelhecimento precoce e do estresse. Na semana passada, porém, o pesquisador Joseph Lunec, da Universidade de Leicester, na Inglaterra, publicou um estudo na respeitada revista britânica Nature, alertando que o hábito de consumir mais de 60 miligramas diárias poderia ser prejudicial à saúde. O organismo absorveria apenas 60 miligramas e o excesso causaria mutações genéticas, algumas associadas ao desenvolvimento de doenças como câncer e artrite reumatóide.
O artigo deixou um rastro de polêmicas nos meios científicos. Médicos que, antes da pesquisa, recomendavam altas doses diárias de vitamina C reagiram, classificando o estudo como insuficiente. Foi o caso dos americanos William Castelli e Ronald Klatz. Mas, a maioria apóia a decisão da Organização Mundial de Saúde: doses diárias até 60 miligramas diárias não fazem mal à saúde. E houve também quem apoiasse Lunec, como Frank Kelly, chefe da equipe de pesquisadores do Rayne Institute, do St Thomas Hospital, de Londres. "Joseph Lunec foi mal interpretado", diz Kelly. "Ele nunca disse que vitamina C causa câncer. Não há provas científicas disso. O que se discute é só a dose mais eficiente contra o estresse", afirma o pesquisador.
Por conta da polêmica, outros pesquisadores resolveram apressar a publicação de seus trabalhos sobre vitamina C. No próximo mês, Andrew Genner, do Grupo de Farmacologia do Kings College (Universidade de Londres), divulga resultados de nova pesquisa. "Estamos trabalhando com as mesmas técnicas usadas pelo grupo de Lunec, mas isso não significa que chegaremos às mesmas conclusões", avisa Genner.
HISTÓRIA - O grande defensor da vitamina C foi o cientista Linus Pauling, vencedor do