Folclore
Quando eu era pequeno, meu pai costumava me dizer:
“Will, você pode escolher a dedo seus amigos e pode meter o dedo no próprio nariz, mas não pode meter o dedo no nariz do seu amigo.”
Essa observação me pareceu razoavelmente perspicaz aos 8 anos, mas acabou se mostrando incorreta em alguns aspectos. Pra começar, não é possível escolher a dedo os amigos, ou eu nunca teria acabado com Tiny Cooper.
Tiny Cooper não é a pessoa mais gay do mundo, tampouco é a maior pessoa do mundo, mas acredito que ele possa ser a maior pessoa do mundo que é muito, muito gay, e também a pessoa mais gay do mundo que é muito, muito grande. Tiny é meu melhor amigo desde o quinto ano do ensino fundamental, exceto pelo último semestre, quando ele ficou ocupado descobrindo todo o alcance de sua gayzice, e eu fiquei ocupado com um Grupo de Amigos de verdade pela primeira vez na vida, grupo esse que acabou se tornando um grupo de Nunca Mais Fale Comigo por causa de duas leves transgressões:
1. Depois que um membro do conselho escolar ficou todo irritado com a presença de gays no vestiário, defendi o direito de Tiny Cooper de tanto ser gigante (e, portanto, o melhor da linha ofensiva da bosta do nosso time de futebol americano) quanto gay em uma carta pro jornal da escola, a qual eu, estupidamente, assinei.
2. Esse cara do Grupo de Amigos, chamado Clint, estava falando sobre a carta na hora do almoço e, ao falar dela, me chamou de baitola, e eu não sabia o que era um baitola então perguntei: “Como assim?” E ele então me chamou de baitola de novo e, nessa hora, mandei ele se foder, peguei minha bandeja e saí da mesa.
O que acho que significa que tecnicamente fui eu quem deixou o Grupo de Amigos, embora parecesse o contrário. Sinceramente, nenhum deles jamais pareceu gostar muito de mim, mas eles estavam por perto, o que já é alguma coisa. E agora não estão mais, deixando-me totalmente desprovido de companhia social. Isto é, a menos que se conte Tiny. O que suponho que eu deva