Folclore nacional
O Folclore brasileiro, apesar de ter raízes imemoriais, só começou a receber a atenção da elite nacional em meados do século XIX, durante o Romantismo. Naquele momento, acompanhando uma onda de interesse pela cultura popular que crescia na Europa e nos Estados Unidos, alguns estudiosos brasileiros como Celso de Magalhães e Sílvio Romero passaram a pesquisar as manifestações folclóricas nativas e publicar estudos sistemáticos. Ao mesmo tempo, diversos artistas cultos passaram a empregar elementos da cultura popular na criação de obras destinadas aos círculos ilustrados, como parte de um projeto, estimulado e desenvolvido pelo governo de Dom Pedro II, de construção de um corpo de símbolos nacionalistas que poderia contribuir para a afirmação do Brasil entre as nações civilizadas. As classes superiores nunca foram inteiramente livres da influência da cultura popular, mas obras como por exemplo Juca-Pirama, de Gonçalves Dias, e a música de Luciano Gallet e Alexandre Levy deram a temas do folclore brasileiro um papel de destaque na arte culta, e desde então o interesse pelo assunto só cresceu, e em várias frentes, dando origem a numerosas obras de arte, estudos literários e pesquisas científicas, com vasta bibliografia local e atraindo também a atenção internacional.
O resultado disso é que atualmente o folclore brasileiro se encontra em uma posição privilegiada. Além de ser a base alimentadora de boa parte do turismo cultural do país, se tornou instrumento de educação nas escolas e está protegido por lei, sendo considerado um bem do patrimônio histórico e cultural do Brasil. A Constituição protege o folclore através dos artigos 215 e 216, que tratam da proteção do patrimônio cultural brasileiro, ou seja, "os bens materiais e imateriais, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira". Os órgãos estatais responsáveis pelo estudo, proteção e